Sem alma nem coração.


Sinto vergonha da minha condição. Sinto vergonha de precisar pedir ajuda. Sinto vergonha por ter a necessidade de ser notada por um certo alguém. Sinto vergonha de ter essa doença terrível, oportunista, que me dilacera o coração sempre que possível. Tenho medo de não sobreviver mais uma vez. Nessa ocasião está tudo diferente, ambiente, pessoas, vida. A solidão é o pior mal para quem comporta essa enfermidade. Sempre naveguei contra a maré, quis sair disso e falava a mim mesma que sim, havia cura, mesmo quando muitos já me condenavam a essa escravidão. Parece que não há mesmo saída. Aliás, há, mas não acredito que Deus queira isso pra mim. São anos convivendo com isso, aos poucos você vai perdendo a vontade de lutar e é aí que ela se apossa.
Há dois tipos de morte: a morte da carne e a morte da alma. A maior diferença é que uma pode ressuscitar se houver um bom motivo, a outra não. Hoje sou uma pessoa sem alma, que apenas sobrevive com o exterior, que vai levando a vida empurrando-a com a barriga, sem saber como nem porquê. Às vezes desisto, às vezes insisto, mas ultimamente tenho me dado um ultimato final, como um caso sem solução.
Dessa vez não tenho a quem recorrer, não tenho amparo. Estou só e permanecerei só. As pessoas me fazer sofrer demais, não me compreendem, me julgam. Me conquistam e me dão as costas. E a cada machucado, ela faz a festa aqui dentro, extirpando minhas forças. Quero morar em uma bolha!
Embora eu sinta profunda vergonha de assumir o que se passa comigo, eu pesquiso tudo. Escrevo não para que alguém leia e me fale: isso vai passar. Porque eu sei que não funciona assim! Escrevo como um modo de eliminar um pouco dessa tristeza, dessa melancolia... Na verdade, preferiria que ninguém lesse, mas penso que alguém, em algum lugar pode estar passando o mesmo que eu. Vou completar 20 anos, descobri aos 14. Pra ser sincera, não sei como resisti até hoje, pois sou bastante fraca quando se trata de cuidar de mim. No começo, achei absurdo aquele diagnóstico, mas aceitei, conformei e lutei. Agora não tenho mais vontade de lutar, só me vem uma coisa à cabeça: que isso acabe o mais rápido possível. 
Desisti de mim, desistiram de mim...

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