Tereza acordou e levou um susto ao sentir que ainda estava
viva; achou que depois dos dias que se passaram seu coração com certeza haveria
de não bater nunca mais, tamanha era a dor que sentia. Não sentiu vontade de
levantar da cama, mas tinha obrigações a cumprir. Pra quebrar a rotina de 5
anos tomando café com ele, decidiu ir ao restaurante da esquina e pedir um chá.
Ninguém parecia notar, mas Tereza estava acabada por dentro, sua vida tinha
desmoronado na noite de sexta quando percebeu que não conhecia o homem que
dormia do outro lado da cama. E mesmo com toda a sua vida transtornada, tudo
continuava do mesmo jeito, as pessoas seguiam seu ritmo cotidiano e isso doía
em seu peito, porque no final das contas, ela precisava que alguém pudesse
enxergar seu interior machucado. Ainda tinha tanta coisa pra pensar... O que
falar para os amigos e familiares? Como explicar toda aquela situação
embaraçosa? E as roupas, sapatos e todos os outros pertences? O que fazer com
as lembranças? Como conviver com a sua ausência? E toda aquela confusão em seu
peito, quando passaria? Então notou que, na mesa do canto, um rapaz lia
distraidamente o seu jornal. No seu dia-a-dia, Tereza com certeza não prestaria
atenção naquele homem, pois o mesmo não tinha nada que pudesse despertar o seu interesse. Mas, por mais estranho que
fosse, hoje algo virou o seu olhar naquela direção. Era um rapaz um tanto
comum, sem nenhum atrativo físico, usava moletom e tênis, como vindo de
exercícios físicos. Mas não estava tão frio para manter todo aquele agasalho,
muito pelo contrário, o dia estava ameno e até soprava um ar quente em seu
cabelo levemente solto que caía sobre os olhos. Então ela acabou
descobrindo ao acaso que, embora tivesse jurado pra si nunca mais depositar
confiança em nenhum homem, havia outras pessoas, outras oportunidades e muito
mais a se viver. E não seria um erro com nome e sobrenome que anularia sua vida
sentimental. Aconteceu. Acabou. Passou. Precisava viver e ali era sua chance. Uma
ideia passou pela sua cabeça. É claro que aquilo era extremamente bobo, pois
parecia ter saído das comédias românticas que tinha assistido aos
prantos no último final de semana, mas ela precisava tentar, seu coração
gritava em desespero. Pegou um pedaço de guardanapo e uma caneta em sua bolsa e
escreveu um recado:
-“Bom dia.”
Pediu pra garçonete entregar e esperou ansiosa. Sentia-se de
novo uma adolescente. Então logo chegou a resposta em sua mesa:
-“Bom dia!”
E Tereza conseguiu sorrir...
Um sorriso de esperança.
ResponderExcluirIsso, isso, isso! Daria um bom título, que na hora de escrever não surgiu nenhuma ideia...
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